Quem entra na igreja do mosteiro observa uma massa anónima e monocórdica de pedra. No seu todo as pedras não se distinguem umas das outras.
Fotografar é escrever com luz e o mosteiro proporciona jogos de luz e sombra propícios à fotografia a preto e branco que é a minha preferida para aquele espaço.
Mas, um dia, cheio de humidade, olhando para algumas pedras vi cores a saltarem. E utilizei a cor. Passei a olhar para cada pedra com outra atenção. Aconteceram surpresas atrás de surpresas! As texturas misturaram-se com as cores e o resultado de centenas de disparos é o que se mostra aqui. Como nem sempre estava humidade também utilizei algum tratamento digital. Numas mais, noutras menos, noutras nada. Espero que vos dê o gozo que me deu a mim!
João Daniel
O essencial é saber ver sem estar a pensar
saber ver quando se vê e nem pensar quando se vê
nem ver quando se pensa
(Alberto Caeiro in “O Guardador de Rebanhos”, pág.217)