O Mosteiro, quase sempre
Há muito que as fotografias que João Daniel nos vai mostrando, quase sempre do Mosteiro ou com ele relacionadas, surpreendem pelo inesperado que nos propõe, não só pela beleza que comportam mas principalmente pelo cuidado, pela sensibilidade e pela “perícia” que exibem.
Anos de labor, procurando o ainda não visto ou o já esquecido.
Anos de registos que poderiam ser para um diário da vida de um monumento que tem, para todos nós, uma importância fundamental, porque na sua sombra, e por dentro dele aprendemos a história dos homens e a beleza das coisas.
O Mosteiro é a sua casa, que conhece como ninguém, a todas as horas do dia ou de noite, por dentro e por fora.
Conhece-lhe os segredos da luz, os momentos de penumbra, o sortilégio das sombras, as ligações ao passado e os condicionamentos do presente. Tudo meticulosamente fotografado como se de o registo duma paixão se tratasse.
Paixão sem limites, que levou João Daniel a olhar para o Mosteiro, no seu todo ou nos seus detalhes, para as suas pedras ou para o seu agora parco recheio ou ainda para os seus habitantes ocasionais ou permanentes.
As fotografias de João Daniel ajudam-nos a entender melhor as raízes da cultura do povo que somos e a amalgama cultural que dá forma a cada um de nós.
Elas são o que vemos, mas também o que sabemos, elas mostram a realidade que esconde o sonho porque são imagens do presente que mostrando o passado são também futuro.
José Aurélio
Alcobaça, 2011